terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Ilha, suas praias e meu cansaço...

Dia 04




Perdi a hora e não fui ver o sol nascer como desejei, mas tomei o café da manhã e parti rumo à Gruta das Encantadas. Fui informado, e mais tarde pude constatar, que a maré ainda estava cheia e não pude adentrar na gruta. Subi, então, o morro ao lado e fiquei contemplando a vista - perfeita - do local. Fiquei lá em cima uns 40 minutos, perdendo o olhar através do horizonte..


Quando a maré abaixou fui até a gruta e realmente fiquei impressionado com a mística. Tem toda uma energia diferente, muito boa! Histórias de antigos nativos contam que sereias levavam primos, irmãos para a gruta, e que sumiam (levando inclusive os barcos). Até me provarem o contrário estou com eles.

Voltei logo aos Chalés para (infelizmente - e felizmente, pois o próximo foi tão bom quanto!) trocar de hotel e ir para o Hostel Zorro. Esperei dar a hora na praia, mas quando começou o futebol em frente ao Zorro não tive opção a não ser ir jogar. O jogo foi um ótimo 0x0, com muitas chances de gol. Incrivelmente, eu conhecidamente pela minha não habilidade com os pés, realizei a chance mais clara. Joguei a bola entre as pernas (canetinha perfeita) do Zorro - dono do Zorro - (excelente zagueiro, tava desarmando geral) e quando ia marcar o gol eis que surge o Zorro para salvar em cima da linha. Foi um amistoso internacional, eram 4 contra 4, sendo que no meu time eram 2 brasucas e 2 japoneses e no outro 2 argentinos, 1 chileno e 1 brasuca. Em campo (praia) todos se entendem..

Busquei as coisas, despedi-me do pessoal e enfim cheguei ao badalado Zorro. O lugar era hiper animado, tinha gente de tudo quanto é canto. Desde japoneses a canadenses, passando por africanos, suíços, noruegueses, israelenses e sul americanos. Era uma verdadeira babel, mas todos tentavam se entender. Hablei mucho english, and I'd spoke so much español. Logo depois de chegar, resolvi sair para conhecer toda a ilha. Saí pela trilha até a Praia de Fora (perfeita, a mais linda), subi o Morro do Sabão e cheguei na Praia do Miguel.


Continuei o caminho e fiz coisas inimagináveis à minha pessoa. Como ir de uma praia à outra pelas pedras (único caminho). Era um verdadeiro trekking. Não eram pedrinhas.. Eram pedregulhos onde tinha que pular de um para outro, escalar etc.. Sorte minha que era maré baixa. Passei reto pelo Farol para almoçar, afinal já caminhava fazia umas 2 horas. Mais meia hora e cheguei em Brasília, almoçando um bom PF com uma boa gelada.


Saí de lá por volta das 15 horas, cruzei o istmo (aula de geografia na veia) e caminhei até a Fortaleza. A mesma era linda, com a história do caso Cormorand - o maior causo da Fortaleza -, quando ela abriu fogo contra um navio inglês em 1850.



Voltei pela mesma praia (não há coisa melhor que caminhar algumas horas descalço pela beirinha do mar) e fui até a outra ponta, onde localiza-se o Farol. A vista é magnífica, de dar inveja a qualquer vista do Rio de Janeiro.



Voltei caminhando até o trapiche de Brasília para pegar um barco, pois a maré estava subindo, estava anoitecendo, e eu estava pouco cansado das 6 horas caminhando e não iria me arriscar nas pedras. Foi o tempo de chegar no trapiche de Encantadas e a chuva desabar. Guardei a mochila no hostel e fui jogar volei de praia com os nativos (odeio chamar assim, dá ideia de não desenvolvimento, de índios) na chuva. Foi um barato, várias pessoas foram chegando, já havia alguns argentinos e curitibanos no meio também. Consegui vencer apenas uma partida, mas valeu muito a pena. heheheh

Voltei ao Zorro, e após um banho fiquei na sinuca. Foi quando conheci Thiago e Renata, um casal de Curitiba/ Paranaguá. Ele é músico, ela dança. Ganhei algumas partidas de sinuca e xadrez e fomos comer. Rachamos uma pizza de 4 queijos, delícia, enquanto ouvíamos música ao vivo. Lá chegaram, quase no final, Valdir e Aline, outro casal curitibano. Conversamos muito, todos super gente fina.. Combinamos lá mesmo de ir fazer um passeio para ver golfinhos no dia seguinte.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Praia, Cerveja e MPB

Dia 03

Acordei, incrivelmente, 10 minutos depois do café da manhã! Resolvi fazer uma mudança na viagem, e antecipei minha ida para a ilha. Fechei a conta e fui para a rodoviária comprar a passagem pra Ilha do Mel. O ônibus só sairia em 2 horas, então tomei um ônibus no "tubo" até o Jardim Botânico. Maravilhoso o local, sendo os jardins inspirados em Versalhes..





Voltei para a rodoviária e então cometi a burrada da viagem. Estava com pouco dinheiro e ia retirar num caixa eletrônico, deixei para retirar em Pontal do Sul; mas após uma linda viagem, descobri que não havia caixa em Pontal do Sul. No meio do caminho da viagem, na primeira parada do ônibus (em Praia do Leste), a polícia entrou para fazer uma revista.. Apreenderam mais de 100 gramas de crack e bastante maconha (levaram uma senhora algemada)...
Já em Pontal do Sul, comprei minha passagem e iniciei a viagem. Como já dizia o velho ditado: A primeira impressão é a que fica - Sensacional!!!! A vista era maravilhosa, para onde eu olhava eu ficava boquiaberto.

Desembarquei em Encantadas (o local faz juz ao nome). É de deixar qualquer um doido. Fui atrás do Hostel Zorro, pois tinha reserva para o dia seguinte, mas estava lotado. Estava eu com uma fantástica quantia de dinheiro (27 reais) e um Mastercard. Fiquei com medo de acampar e acabar a grana (camping 15 reais). Consegui vaga, com muito sacrifício e muita ajuda da Cibele (proprietária), num local fora de série - os Chalés do Laurindo. Era um lugar 'top', mas me baratearam de 150 para 100 reais a diária. Os chalés eram pra até 6 pessoas, tinham banheiro próprio, ar-condicionado e piscina (não sei pra que, é uma ilha!). Ao menos, no preço estava incluso café da manhã (no Chalé) e janta num restaurante conveniado que fica a 50 metros, chamado Paraíso. Outro local que faz jus ao nome. Rumei para lá logo depois de tacar a mochila no chalé e botar roupa de praia.




Eram quase 18 horas e o por do sol na ilha é em Encantadas. Revezava entre banhos de mar, cerveja gelada, esticada na espriguiçadeira. Era realmente o paraíso. Tocava música ao fundo no restaurante, mas sempre as 20 horas começa música ao vivo, com MPB/Rock. Jantei (comida excelente) e saí de lá pro volta das 22 horas, tempo suficiente para ainda sentar e jogar baralho com o pessoal do Chalé antes de durmir.



quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Postos e Caronas



Dia 02




Não conseguia dormir, muito pela ansiedade de ir para Curitiba, a qual toda vez que parava um caminhão no posto aumentava. Dormi apenas 2 horas (3 as 5 da matina) e fui correr atrás de carona. Consegui depois de muita insistência lá pelas 9 horas da manhã. Cabeça ruim, não lembro de mais um nome. Mas conversamos de tudo, principalmente de carros. Ele já teve, apesar de "apenas" 27 anos, mais de 10 carros diferentes. O melhor pra ele havia sido um Passat preto que caía aos pedaços, mas era o sucesso com as muié.. Um amigo dele tinha um bege, chamavam então da turma do Passat..


A viagem demorou muito, pois o caminhão estava carregado com 2 bobinas (cada uma pesava 12 toneladas), e só chegamos em Curitiba por volta das 17 horas. Fiquei na estrada, na entrada de Pinhais. Caminhei um bom pedaço na chuva (cerca de 2 km) para achar o primeiro ponto de ônibus. Tomei o ônibus para Curitiba e cheguei no Hostel perto das 18:30 hrs...




Enquanto pedia informações; ao entrar em um dos quartos não vi ninguém, somente uma nuvem e muito español.. hehehee



Descansei um pouco e saí a noite para o "Sheridan's Irish Pub". Esse pub irlandês é fantástico. Sentei-me no balcão, pois não conhecia ninguém. Tomei Eisenbahn a noite inteira, não por ser a minha preferida, mas por ser a mais barata! Muitos chopps Ale's de 500 ml e um gin.. Ao meu lado, um alemão (cujo tome era tão difícil que fingi entender) me acompanhava nas bebidas.. Conversamos sobre tudo, mas principalmente sobre política. In english of course. - Era tanta bebida e mistura de línguas, que volta e meia eu pedia "another beer". Sentamos em uma mesa com 3 mulheres perto da meia-noite. Já rolava a música ao vivo (uma pena que não era segunda, pois teria U2 cover.. falaram que deu 700 pessoas), e ficamos conversando um tempinho..




Voltei ao hostel e fiquei conversando no saguão. A conversa era tão boa que a hora voou, e quando percebi já eram 6 horas da manhã.. Corri para a cama e tentei sem sucesso acordar perto das 8.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Primeira Mochila, Primeira Carona

Olá a todos..


Sou Matheus Seixas, 18 anos, moro no RJ e decidi conhecer a Ilha do Mel/Curitiba..


Mas já deixo de aviso, não foi da maneira convencional; foi de carona!


Minha primeira mochilada sozinho.. Valeu muito a pena, espero que curtam as fotos e um dia conheçam a ilha..



Dia 01 (13 de Janeiro)


Saí de casa conforme prometido (atrasado) e ainda passei para comprar uma lanterna (na Ilha do Mel não há iluminação nas trilhas) em uma loja de camping.


Caminhei do Centro de Niterói até a subida da Ponte Rio-Niterói para tentar a primeira carona. Incrivelmente não esperei nenhum minuto. Ao primeiro sinal, um caminhão que transportava água parou e me chamou para dentro. Eram dois caras aficcionados por futebol (e flamenguistas) e não sossegavam com a demora para o início do estadual.


Saltei em frente à Rodoviária Novo Rio e caminhei até o porto. Fui informado que não poderia entrar e teria de esperar do lado de fora por um caminhão saindo (Obs.: No sol e sem previsão de horário para saída de qualquer caminhão).


Tomei então uma van para a Dutra (BR 116) e saltei em um conhecido posto de caminhoneiros, o Posto 13 (Km 13). Não eram 11 horas da manhã, mas o sol já rachava na rodovia. Como bom carioca, estava de regata e já ficava vermelho antes mesmo de estar na praia (achei um sacrifício muito grande abrir a mochila para procurar um protetor, por isso não o fiz). Depois de inúmeras tentativas fracassadas, causadas principalmente pelos rastreadores (malditos sejam) e também pela falta de carga nos caminhões (alguns estavam a 5/6 dias no posto, um senhor parou sua carreta no acostamento. Solicitei carona para São Paulo (pois já eram mais de 15 horas e eu já havia desistido de ir direto para Curitiba), e ele topou. Nota: Bendito seja o Posto 13 da Dutra, que tinha água "potável"(?) gelada grátis!! (todos, inclusive o pessoal do posto, bebiam toda hora)


O que eu não sabia era que o motorista, Dirceu, procurava desesperadamente por peças para caminhão. Imaginei que o dele estivesse com problemas.


- Antes de continuar, preciso descrever Dirceu, pois senão não vão compreender a graça da situação. Dirceu possuía uns 50/60 anos, caminhoneiro de longa data que já viajou o Brasil inteiro. Paulista típico, com toda a raiva do mundo dos cariocas (o que eu fazia lá(?)), mas cantarolava "Cidade Maravilhosa"com entusiasmo de quem viveu tempos de ouro no Rio.




Dirceu, então, procurava peças, e por onde passava reclamava dos cariocas. Fui quebrando o gelo e desconversando a respeito dos cariocas, dizendo que nem todos são assim, que são poucos os mal-humorados. Até que em uma loja de autopeças ele fez um sinal de mais ou menos - como quem dissesse: esse dá pro gasto -; na volta entoou em alto e bom tom (ele tinha a língua meio presa): "esse cara é gente fina".


Descobri então que as peças não eram para ele, e sim para um companheiro de companhia que havia enguiçado na Dutra. Honestamente, e infelizmente não lembro o nome dele. Ficamos consertando (e sim, me sujei de graxa e subi no caminhão para ajudar) por um bom tempo e ainda paramos mais uma vez para consertar a lanterna do mesmo companheiro. Ambos ficaram bem preocupados e me ajudaram bastante me deixando em Jacareí-SP, cerca de 1 hora da capital; pois estavam indo para Campinas. Era um posto 24 horas, com uma churrascaria. Despedimo-nos e fui comer algo, afinal não comia desde o café da manhã. Chorei e ganhei um desconto, pagando preço de caminhoneiro no jantar e nas bebidas. Gastei pouco mais de 10 reais para comer um bom prato de peão. Pedi uma água e dei a sorte de descobrir depois que eles enchiam para mim (serviu para a noite). Descolei um banho quente por uns trocados, o qual foi aproveitado ao longo dos seus 8 minutos... Foi o cara do banho que me deu a dica da água, show de bola..